quinta-feira, abril 26, 2012

O ciclo

"No ventre de uma mulher grávida, dois bebés falavam:

- Acreditas na vida pós-parto?
- Claro. Tem que haver alguma coisa. Se calhar estamos aqui a preparar-nos para o que vamos ser.
...
- Disparate! Não há vida depois do parto. Como é que seria verdadeiramente essa vida?
- Não sei, mas com certeza deve haver mais luz que aqui. Talvez até consigas andar com os próprios pés e comer com a própri...a boca.
- Isso é absurdo! Andar é impossível! E comer com a boca!? Completamente ridículo! O cordão umbilical é que nos alimenta. Só te digo isto: A vida após o parto não é possível. O cordão umbilical é muito curto!
- Eu cá tenho a certeza que há alguma coisa. Com certeza apenas diferente daquilo a que estamos habituados aqui.
- Mas nunca ninguém voltou de lá para contar... o parto é o final e mais nada! Angústia prolongada na escuridão.
- Bom, não sei como é que vai ser depois do parto, mas tenho a certeza que a Mãe vai tratar de nós.
- Mãe? Acreditas nisso!? E onde é que ela supostamente está?!
- Onde? Em tudo à nossa volta! Vivemos nela e através dela. Sem ela nada existiria.
- Eu não acredito nisso! Nunca vi Mãe nenhuma porque simplesmente não existe.
- Então, mas quando estamos em silêncio não a consegues ouvir cantar e falar? E não a sentes a afagar o nosso mundo? Sabes, eu acho mesmo que nos espera a vida real e que esta é só uma prepararação para ela...
- Esquece! Isso são aquelas tretas da fé.

quinta-feira, abril 19, 2012

Como Trabalhar em Equipa




Ao longo destes anos tive o privilégio de trabalhar com equipas formidáveis, e todos eles agradeço a aprendizagem que tem sido constante. Bem sabemos que o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo, isto é, se não tiver conhecimento sempre haverá uma pessoa acima de si. Por isso é muito importante estar sempre atualizado e em formação permanente. Nos tempos atuais é difícil é arranjar um novo emprego, e por vezes ainda mais difícil é mantê-lo, no entanto uma oportunidade jamais poderá ser desperdiçada mas sim aproveitá-la ao máximo para estar sempre em progressão, quer seja individualmente, quer em equipa ou empresa. Para que seja um funcionário exemplar, especialmente no trabalho em equipa deixo aqui algumas das principais dicas de como trabalhar em grupo e não prejudicar o próximo e a si mesmo e ainda assim destacar-se, pois grande parte do ano será passado nesse contexto com outras pessoas.
1 – Paciência: Um dos principais obstáculos para se trabalhar em grupo é conciliar as opiniões diversas, por isso nesse momento o que deve falar mais alto é a devida paciência. A melhor forma de resolver esse problema e saber expor a opinião tendo noção que alguém pode considerar ou não gostar, procurando chegar a um acordo, sabendo ouvir o que outros tem a dizer sobre determinado assunto mesmo que não esteja de acordo com as suas opiniões.

2 – Seja compreensivo: O orgulho pode prejudicar por não deixar a pessoa admitir que está errado, ou até aceitar novas ideias. Porém esse orgulho pode levar o profissional a grandes problemas dentro da empresa. O correto é que esteja sempre aberto a novos projetos e aceitar o que o próximo sugere, porque toda a equipa pode beneficiar com um todo.

3 – Nada de críticas: Com a convivência diária realmente é muito difícil não acontecer algum tipo de conflito entre o grupo. Portanto esse problema não se pode tornar pessoal e deixar afetar o trabalho em equipa. Pense muito bem no que vai dizer ao seu colega, e jamais critique na sua identidade pessoal, falando de maneira construtiva sobre as ideias do mesmo para que possa melhorar o serviço e o trabalho de todos no grupo\empresa. Quando surgirem conflitos entre os colegas de grupo, é de vital importância não deixar que isso interfira no trabalho em equipa. Avalie as colocações do colega, com isenção total sobre suas impressões de carácter. Pode criticar (de forma construtiva) as ideias, nunca a pessoa, pois dessa forma o outro poderá sentir-se atacado, e ai defende-se.

4 – Dividir: Algumas pessoas pensam que ao fazer tudo sozinhas estarão mais afrente do que os seus outros colegas. Isto é mito, porque no caso de algum problema toda a responsabilidade fica por sua conta, ficando ainda mais difícil de resolver. Aproveite ao máximo a força e energia da equipe, dividindo as tarefas com todos, pois delegar, compartilhar responsabilidades e informação é fundamental.
5 – Disposição: Jamais se esqueça das suas obrigações, deixando-as por conta dos “amigos de trabalho”. Saiba separar a divisão de tarefas e deixar de trabalhar, a diferença é grande, significativa e pode-o prejudicar. De qualquer forma, colabore sempre mostrando disposição.
6 – Solidariedade e participação: Esteja sempre à disposição para ajudar o seu colega e dar sempre o melhor de si. Quando precisar não se sinta constrangido para pedir ajuda a alguém da equipa. Esteja disponível, seja flexível e saiba como pedir um favor educadamente.
7 – Comunicação e dialogo: Nunca deixe acumular um problema, pois mais a frente poderá ser ainda maior. Converse sobre e tente encontrar com o grupo a melhor solução para que ninguém saia prejudicado.

8 – Planeamento: Quando se tem um planeamento, tudo se torna muito mais fácil, e dessa forma cada um terá uma tarefa, uma meta a ser alcançada e um prazo a ser concluído. Assim ninguém fica perdido e tudo se torna mais organizado.
Acredito que ao seguir estas dicas o seu cotidiano na equipa, empresa ou até mesmo na família, tudo será muito mais agradável e as hipóteses de progresso serão muito maiores, pois o serviço e a dinâmica grupal fluirão como deve ser. O mais importante e ter dialogo com os seus colegas/ familiares, ter respeito e ser sempre educado.
Bem hajam e bom trabalho.

Miguel Ferreira

Você é desarrumado ou perfeito?


Esta história pertence ao livro Steps to an Ecology of Mind, de Gregory Bateson, trata-se da transcrição duma conversa que este tivera com a filha:
Um dia, a filha perguntou-lhe: pai, porque é que as coisas ficam desarrumadas com tanta facilidade?
- O que está a querer dizer com "desarrumadas"? - perguntou ele.
- Bem, sabe como é quando as coisas não são perfeitas. Olhe para a minha escrivaninha agora. Está cheia de coisas. Desarrumada. E ontem à noite esforcei-me ao máximo para deixar tudo perfeito, mas as coisas não permanecem perfeitas. Ficam desarrumadas com a grande facilidade!
Bateson pediu à filha:
- Mostre-me como é quando as coisas estão perfeitas.
Ela arrumou tudo na devida ordem, e disse:
Aí está, assim é perfeito. Mas não continuará assim.
E se eu deslocar esta caixa de tintas para aqui, cerca de um palmo? O que acontece?
- Ora, pai, agora ficou desarrumado. Além do mais, teria de estar direitinha, e não torta, como a deixou.
- E se eu mudasse este lápis para cá?
- Está desarrumado outra vez.
- E se deixasse este livro aberto?
- Também fica desarrumado!
Bateson declarou então para a sua filha:
- Querida, não é que as coisas fiquem desarrumadas com grande facilidade. O que acontece apenas que tens mais meios para desarrumar as coisas, e só tem um meio para deixar tudo perfeito.
A maioria das pessoas cria numerosos meios para se sentir mal, e apenas uns poucos meios para se sentir realmente bem.

Bem hajam e boas arrumações.

Miguel Ferreira 

domingo, abril 01, 2012

NASCIMENTO DA EXCELÊNCIA: A CRENÇA


"O homem é o que ele acredita."
                                                                       Anton Tchecóv

No seu maravilhoso livro, Anatomy of an Illness, Norman Cousins conta uma instrutiva história sobre Pablo Casals, um dos maiores músicos do século vinte. É uma história de crença e renovação, e que todos nós podemos aprender com ela.
Cousins descreve o encontro com Casals, um pouco antes do nonagésimo aniversário do grande violoncelista. Diz ele que era doloroso olhar o velho homem quando começava o seu dia. A sua fragilidade e artrite eram tão debilitadoras que precisava de ajuda para se vestir. O Seu enfisema era evidente na difícil respiração, andando com um arrastar de pés, curvado, cabeça inclinada para a frente. As suas mãos eram inchadas, os seus dedos apertados. Parecia um homem muito velho, velho e cansado.
Antes mesmo de comer, foi até o piano, um dos vários instrumentos em que Casals se tornara perito. Com grande habilidade, ajustou-se na banqueta. Parecia para ele um terrível esforço levar os seus dedos inchados e cerrados até o teclado.
E, então, algo de muito milagroso ocorreu. De repente, Casals transformou-se completamente ante os olhos de Cousins. Entrou num estado cheio de recursos e, conforme o fez, a sua fisiologia mudou a tal ponto que começou a mover-se, e a tocar, produzindo no seu corpo e no piano resultados que só teriam sido possíveis num pianista saudável, forte e flexível. Como Cousins descreveu, os seus dedos abriram-se lentamente e acharam as teclas como os brotos de uma planta em direcção à luz do sol e ai as suas costas endireitaram-se.
Parecia respirar com mais facilidade". O simples pensamento de tocar piano mudava todo o seu estado, e assim a eficiência do seu corpo. Casals começou com uma peça do Cravo Bem Temperado, de Bach, com grande sensibilidade e controle. Atirou-se, então, ao concerto de Brahms, e os seus dedos pareciam correr sobre o teclado. "O seu corpo inteiro parecia fundido com a música", escreveu Cousins.
"Deixava de estar rijo e encolhido, ficando mais ágil, gracioso e completamente livre das suas torceduras artríticas." Quando se afastou do piano, parecia uma pessoa bem diferente da que se sentara para tocar.
Levantou-se erecto e mais alto e andou sem sinal de arrastar os pés.
Logo se dirigiu para a mesa do café, comeu com satisfação, e então saiu para dar um passeio pela praia.
Pensamos sempre em crenças no sentido de credos ou doutrinas e muitas crenças são isso mesmo. Contudo, no sentido básico, uma crença é qualquer princípio orientador, máxima, fé ou paixão que pode proporcionar significado e direcção na vida. Estímulos ilimitados estão disponíveis para nós. Crenças são os filtros pré-arranjados e organizados para as nossas percepções do mundo. São como comandos do cérebro. Quando acreditamos com convicção que alguma coisa é verdade, é como se mandássemos um comando para o nosso cérebro, de como representar o que está a ocorrer.
Casals acreditava na música e na arte. Foi o que deu beleza, ordem e nobreza à sua vida, e é o que poderia ainda proporcionar-lhe milagres diários. Por acreditar no poder transcendente da sua arte, ele estava fortalecido de uma forma que quase desafiava o entendimento. As suas crenças transformavam-no, diariamente, de um velho homem cansado num génio de vida. No sentido mais profundo, as suas crenças mantinham-no vivo.
Certa vez, John Stuart Mill escreveu: "Uma pessoa com uma crença é igual à força de noventa e nove que só têm interesses".
É por isso que as crenças abrem a porta para a excelência. A crença envia um comando directo para o seu sistema nervoso. Quando acredita que alguma coisa é verdade, você entra mesmo no estado de que aquilo deve ser verdade.
Tratadas desta maneira, as crenças podem ser as mais poderosas forças para criar o bem na sua vida.
Por outro lado, as crenças que limitam as suas acções e pensamentos podem ser tão devastadoras como as crenças cheias de recursos podem ser fortalecedoras. Através da história, as religiões têm fortalecido milhões de pessoas dando-lhes força para fazerem coisas que pensavam que não podiam. As crenças ajudam-nos a liberar os mais ricos recursos que estão bem dentro de nós, criando-os e dirigindo-os para apoiarem os nossos resultados desejados.

As crenças são os compassos e os mapas que nos guiam na direcção das nossas metas e nos dão a certeza de saber que lá chegaremos. Sem crenças ou a capacidade de entrar nelas, as pessoas podem ser totalmente enfraquecidas. São como um barco a motor sem o motor ou leme. Com crenças orientadoras fortes, você tem o poder de tomar medidas e criar o mundo no qual quer viver. As crenças ajudam-no a ver o que quer e energizam-no para obtê-lo.
De facto, não há força directora mais poderosa no comportamento humano do que a crença. Em essência, a história humana é a história da crença humana.
As pessoas que mudaram a história - Cristo, Maomé, Copérnico, Colombo, Edison ou Einstein - foram as que mudaram as nossas crenças.
Para mudar os nossos próprios comportamentos temos de começar a alterar as nossas próprias crenças. Se quisermos modelar excelência, precisamos aprender a modelar as crenças daqueles que alcançaram excelência.

Escolha as crenças em que quer acreditar e realize de forma mais fácil os seus objectivos.
Bem hajam.

Miguel Ferreira