segunda-feira, dezembro 12, 2016

Persistência


Um dia, um menino de 3 anos estava na oficina do pai, vendo-o fazer arreios e selas. Quando crescesse, queria ser igual ao pai. Tentando imitá-lo, pegou num instrumento pontudo e começou a bater numa tira de couro. O instrumento escapou da pequena mão, atingindo-lhe o olho esquerdo. Logo mais, uma infeção atingiu o olho direito e o menino ficou totalmente cego.
Com o passar do tempo, embora se esforçasse para se lembrar, as imagens foram gradualmente desaparecendo e não se lembrava mais das cores.
Aprendeu a ajudar o pai na oficina, trazendo ferramentas e peças de couro. Ia para a escola e todos se admiravam com a sua memória.
Na verdade, ele não estava feliz com os seus estudos. Queria ler livros e escrever cartas, como os seus colegas.
Um dia, ouviu falar duma escola para cegos. Aos dez anos, Louis chegou a Paris, levado pelo pai e matriculou-se no instituto nacional para crianças cegas.
Ali havia livros com letras grandes em relevo. Os estudantes sentiam, pelo tato, as formas das letras e aprendiam as palavras e frases. Logo o jovem Louis descobriu que era um método limitado. As letras eram muito grandes. Uma curta história enchia muitas páginas.
O processo de leitura era muito demorado. A impressão de tais volumes era muito cara. Em pouco tempo o menino tinha lido tudo o que havia na biblioteca.
Queria mais. Como adorava música, tornou-se estudante de piano e violoncelo.
O amor à música aguçou o seu desejo pela leitura. Queria ler também notas musicais.
Passava noites acordado, a pensar em como resolver o problema.
Ouviu falar dum capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no escuro.
A escrita noturna consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no papel. Os soldados podiam, correndo os dedos sobre os códigos, ler sem precisar de luz.
Ora, se os soldados podiam, os cegos também podiam, pensou o garoto.
Procurou o capitão Barbier que lhe mostrou como funcionava o método. Fez uma série de furinhos numa folha de papel, com um furador muito semelhante ao que cegara o pequeno.
Noite após noite e dia após dia, Louis trabalhou no sistema de Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoando-o.
Suportou muita resistência. Os donos do instituto tinham gasto uma fortuna na impressão dos livros com as letras em relevo. Não queriam que tudo fosse por “água abaixo”.
Com persistência, Louis Braille foi mostrando o seu método. Os meninos do instituto interessavam-se.
À noite, às escondidas, iam ao seu quarto, para aprender. Finalmente, aos 20 anos de idade, Louis chegou a um alfabeto legível com combinações variadas de um a seis pontos.
O método Braille estava pronto.
O sistema permitia também ler e escrever música.
A ideia acabou por encontrar aceitação. Semanas antes de morrer, no leito do hospital, Louis disse a um amigo: "Tenho a certeza de que a minha missão na Terra terminou."
Dois dias depois de completar 43 anos, Louis Braille faleceu. Nos anos seguintes à sua morte, o método espalhou-se por vários países.
Finalmente, foi aceite como o método oficial de leitura e escrita para aqueles que não vêm.
Assim, os livros puderam fazer parte da vida dos cegos. Tudo graças a um menino imerso em trevas, que dedicou a sua vida a fazer luz para enriquecer a sua e a vida de todos os que se encontram privados da visão física.
Vale a pena persistir. Sinta, descubra qual a sua melhor habilidade e faça com isso a sua Missão, para que possa um dia dizer – Missão Cumprida. Força.

Miguel Ferreira

segunda-feira, novembro 28, 2016

O poder da determinação



A casinha da escola rural era aquecida por um velho forno a carvão. Um garoto tinha a função de ir todos os dias mais cedo para a escola, para acender o fogo e aquecer o recinto antes que a professora e seus colegas chegassem.
Numa certa manhã, quando chegaram e encontraram a escola envolvida em chamas. Retiraram o garoto inconsciente do prédio em chamas, mais morto do que vivo. Tinha queimaduras profundas na parte inferior do corpo e foi levado para o hospital.
Do seu leito, o semiconsciente e pavorosamente queimado garoto ouviu ao longe o médico que conversava com a sua mãe. O médico dizia-lhe que o seu filho seguramente morreria - o que na realidade, até seria melhor - pois o terrível fogo devastara a parte inferior do seu corpo.
Porém o bravo garoto não queria morrer. Ele convenceu-se de que sobreviveria. De alguma maneira, e para surpresa do médico realmente sobreviveu. Quando o risco de morte tinha passado, o garoto ouviu novamente o médico e a sua mãe a falar baixinho. A mãe foi informada de que, como o fogo tinha destruído tantos músculos na parte inferior do seu corpo, quase que teria sido melhor que ele tivesse morrido, já que estava condenado a ser eternamente inválido e a não fazer uso algum dos seus membros inferiores.
Mais uma vez o bravo garoto tomou uma decisão. Não seria inválido. Ele andaria. Mas, infelizmente, da cintura para baixo, ele não tinha nenhuma capacidade motora. As suas pernas finas pendiam inertes, quase sem vida.
Finalmente, teve alta do hospital. Todos os dias a sua mãe lhe massageava as perninhas, mas não tinha sensações, controle, não sentia nada. Ainda assim, a sua determinação de andar era mais forte do que nunca.
Quando não estava na cama, estava confinado a uma cadeira de rodas. Num dia ensolarado, a sua mãe conduziu-o até ao quintal para apanhar um pouco de ar fresco. Neste dia, ao contrário de ficar sentado na cadeira, mandou-se para o chão, arrastou-se pela relva, puxando as pernas atrás de si. Arrastou-se até a cerca de estacas brancas que limitava o terreno. Com grande esforço, levantou-se, apoiando-se na cerca. E então, estaca por estaca começou a arrastar-se ao longo da cerca, decidido a andar. Começou a fazer isso todos os dias formando até um caminho à volta da cerca. Não tinha nada que desejasse mais do que dar vida àquelas pernas.
Finalmente, com as massagens diárias, com a sua persistência de ferro e resoluta determinação, ele foi capaz de ficar em pé, depois de andar mancando, e então, de andar sozinho. Mais tarde, de correr.
Começou a caminhar para a escola, depois passou a correr para a escola, e a correr, pura e simplesmente, pela alegria de correr. Na faculdade, integrou a equipa de corrida com obstáculos.
Depois, no Madison Square Garden (Nova York, EUA), aquele rapaz sem esperanças de sobreviver, que seguramente nunca mais andaria, e que jamais poderia esperar correr -- aquele rapaz determinado, o Dr. Glenn Cunningham, foi o corredor mais rápido do mundo na corrida de uma milha!
Este é sem dúvida, um verdadeiro exemplo de determinação.

Bem hajam,
Miguel Ferreira

segunda-feira, outubro 31, 2016

Terapia do Elogio



Caros, leitores, partilho hoje convosco esta forma de terapia, que todos podemos facilmente praticar e mudar o mundo a nossa volta. É muito simples e pode realmente fazer toda a diferença.
Terapeutas que trabalham com famílias, divulgaram numa recente pesquisa que os membros das famílias estão cada vez mais frios, mais distantes, o carinho é cada vez menos, não se valorizam as qualidades, facilmente se ouvem críticas.
As pessoas estão cada vez mais intolerantes e desgastam-se na valorização dos defeitos dos outros.
A ausência de elogio está cada vez mais presente nas famílias. Não vemos mais os homens a elogiar as suas mulheres ou vice-versa, não vemos os chefes a elogiar o trabalho de seus subordinados, não vemos mais pais e filhos  a elogiar-se; etc.
Só vemos futilidades:  valorizam-se artistas, cantores, jogadores, pessoas que usam a imagem para ganhar dinheiro e que, por consequência, são pessoas que tem a obrigação de cuidar do corpo, do rosto, das aparências.
A ausência de elogio afeta muito as pessoas e as famílias.
Há falta de diálogo nos lares. O orgulho e a agitação da vida impede que as pessoas digam o que sentem. Depois despejam-se essas carências muitas vezes nos consultórios.
Acabam-se casamentos, alguns procurando noutra pessoa o que não conseguem dentro de casa.
Fica pois, aqui o apelo, vamos começar a valorizar as nossas famílias, os nossos amigos, alunos ou subordinados. Vamos elogiar o bom profissional, a boa atitude, a ética, a beleza do parceiro ou parceira, o comportamento dos nossos filhos.
O bom profissional gosta de ser reconhecido, o bom filho fica feliz por ser louvado, o pai e a boa mãe sentem-se bem ao serem amados e amparados.
O amigo quer sentir-se querido.
Vivemos numa sociedade em que cada um precisa do outro; é impossível uma pessoa viver sozinha e sentir-se feliz. Os elogios são forte motivação na vida de cada um.
Quantas pessoas posso fazer hoje feliz elogiando-as de alguma forma?
Começa agora!

Bem hajam e bons elogios.

Miguel Ferreira

quarta-feira, outubro 19, 2016

A demissão da formiga desmotivada


Era uma vez, uma formiga que chegava todos os dias bem cedo ao escritório e trabalhava arduamente. A formiga era produtiva e feliz.


O gerente vespão estranhou a formiga trabalhar sem supervisão. Se ela era produtiva sem supervisão, seria ainda mais se fosse supervisionada. E colocou uma barata, que preparava belíssimos relatórios e tinha muita experiência, como supervisora.
A primeira preocupação da barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída da formiga.
Logo, a barata precisou duma secretária para ajudar a preparar os relatórios e contratou também uma aranha para organizar os arquivos e controlar as ligações telefónicas.
O vespão ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com indicadores e análise das tendências que eram mostradas nas reuniões.
A barata, então, contratou uma mosca, e comprou um computador com impressora a cores.
Logo, a formiga produtiva e feliz, começou a lamentar-se de toda aquela movimentação de papéis e reuniões!
O vespão concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a formiga produtiva e feliz, trabalhava. O cargo foi dado a uma cigarra, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma cadeira especial...
A nova gestora cigarra logo precisou dum computador e duma assistente a pulga (a sua assistente na empresa anterior) para ajudá-la a preparar um plano estratégico de melhorias e um controle do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e a cada dia se aborrecia mais.
A cigarra, então, convenceu o gerente vespão, que era preciso fazer uma análise de sector. Mas, o vespão, ao rever as finanças, deu-se conta de que a unidade na qual a formiga trabalhava já não rendia como antes e contratou a coruja, uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico da situação.
A coruja permaneceu três meses nos escritórios e emitiu um volumoso relatório, com vários volumes que concluía: Há muita gente nesta empresa!
E adivinhem quem o vespão mandou demitir?
A formiga, claro, porque ela andava muito desmotivada e aborrecida.

Bem hajam, Miguel Ferreira